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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

ESCATOLOGIA - O ANTI CRISTO

15:23 Posted by JOÃO RICARDO FERREIRA No comments

O Anti-Cristo
Rev. David Chilton
Tradução do Rev. João França.
De acordo com as palavras de Jesus em Mateus 24, uma das crescentes características da época que procederia ao colapso de Israel seria a apostasia dentro da igreja cristã. Isto já foi mencionado antes, porém um estudo mais concentrado neste ponto lançará muita luz sobre um bom numero de pontos da discussão relacionados no Novo Testamento – pontos que geralmente tem sido mal compreendido.
Na realidade os únicos casos em que aparece o termo anticristo são os seguintes versículos nas cartas do apóstolo João:
Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora. Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar.
(1ª João  2.18-19, 22-23,  ARA)
Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.
 (1ª João 4.1-6 ARA)
Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo. Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.
 (2ª João 7-11 ARA)
            Os textos citados acima compreendem todas as passagens bíblicas que mencionam a palavra anticristo, e delas podemos extrair várias conclusões importantes:
            Primeira, os cristãos já haviam sido advertidos da vinda do anticristo (1ª João  2.18; 4.3).
            Segunda, não havia apenas um, mas “muitos anticristos” (1ª João 2.18), por conseguinte,  o termo anticristo não pode ser simplesmente a designação de um indivíduo.
            Terceira, o anticristo já estava em operação, como escreveu João: “muitos anticristos têm surgido” (1ª João 2.18 ARA) “Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar”. (1ª João 2.26 ARA); “este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo.” (1ª João 4.3 ARA); “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, [...] assim é o enganador e o anticristo.” (2ª João 1.7 ARA). Obviamente, se o anticristo já estava presente no primeiro século, não era alguma figura que se levantaria no fim do mundo.
            Quarta, o anticristo era um sistema de incredulidade, particularmente a heresia de negar a pessoa e a obra de Cristo Jesus. Ainda que os anticristos aparentemente afirmavam pertencer ao Pai, ensinavam que Jesus não era o Cristo (João 2.22); junto com os falsos profetas (1ª João 4.1), negavam a encarnação (1ª João 4.3; 2ª João 7,9); e rejeitavam a doutrina apostólica (1ª João 4.6).
Quinta, os anticristos haviam sido membros da igreja cristã, porém haviam apostatado (1ª João 2.19). Agora estes apóstatas tentavam enganar a outros cristãos, para distanciá-los da igreja completamente de Cristo Jesus (1ª João 2.26; 4.1; 2ª João 7,10).
            Juntando tudo isto, não podemos deixar de ver  que o anticristo é uma descrição tanto de um sistema de apostasia como dos apóstatas individuais. Em outras palavras, o anticristo era o cumprimento da profecia de Jesus de que viria um tempo de grande apostasia, quando “muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos.” (Mateus 24.10-11 ARA). Como disse João, os cristãos haviam sido advertidos da chegada do anticristo; e efetivamente, haviam sido advertidos da chegada do anticristo; e efetivamente, haviam surgido “muitos anticristos”. Durante um tempo, haviam crido no evangelho; mais tarde, haviam abandonado a fé, e haviam ido por ali procurando enganar aos outros, e se foi iniciando novas seitas ou, mais provavelmente, tratando de trazer para os cristão pra o judaísmo – a falsa religião que afirmava adorar ao Pai enquanto negava ao Filho. Quando a doutrina do anticristo se entende, encaixa perfeitamente com o resto do que nos ensina o Novo Testamento sobre a época da “última geração”.
            Um dos anticristos que afligiu a igreja primitiva foi Cerinto, líder de uma seita judaica do primeiro século. Considerado pelos pais da igreja como “o arque herege”, e identificado como um dos “falsos apóstolos” que se opunha a Paulo, Cerinto foi um judeu que ingressou na igreja e começou a atrair os cristãos para fora da fé ortodoxa. Ensinava que uma deidade menor, não é o Deus verdadeiro, havia criado o mundo (sustentando, como os gnósticos, que Deus era super “espiritual” para ocupar-se da realidade material). Logicamente, isto significava também a negação da encarnação, posto que Deus não assumiria um corpo físico e uma personalidade verdadeiramente humana. E Cerinto era consistente: declarava que Jesus havia sido meramento um ser humano ordinário, não nascido de uma virgem; que “o cristo” (um espírito celestial) havia descido sobre o homem Jesus quando ele foi batizado (permitindo-lhe realizar milagres), mas que o havia abandonado na crucificação. Também, Cerinto defendia uma doutrina da justificação pelas obras – em particular, a absoluta necessidade de observar as ordenanças cerimoniais do Antigo Pacto – para ser salvo.
            Também, Cerinto foi aparentemente o primeiro a ensinar que a segunda vinda anunciaria um reino de Cristo literal em Jerusalém durante mil anos. Ainda que isto não fosse contrário ao ensino apostólico do reino, Cerinto afirmava que um anjo lhe havia revelado esta doutrina (de modo similar ao de Joseph Smith, um anticristo do século dezenove, que mais tarde afirmaria haver recebido uma revelação angélica)
            Os verdadeiros apóstolos se opuseram severamente à heresia de Cerinto. Paulo admoestou as igrejas: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema”. (Gálatas  1.8 ARA). Na mesma carta, Paulo passou a refutar as heresias legalistas sustentadas por Cerinto. Segundo a tradição, o apóstolo João escreveu seu evangelho e suas cartas tendo em mente a Cerinto. (Também se nos diz que, ao entrar João no banho público, viu este anticristo diante dele. O apóstolo deu meia volta imediatamente e saiu correndo, enquanto exclamava: “Fujamos, antes que o prédio caia sobre nós; porque Cerinto, o inimigo da verdade está dentro!”).
           


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