“Não entres na vereda dos ímpios,
nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; desvia-te
dele e passa de largo. Pois não dormem, se não fizerem o mal, e foge
deles o sono se não fizerem tropeçar alguém” (Provérbios 4:14-16)
“Meu nome é Patrícia, tenho 17 anos, e encontro-me no momento
quase sem forças, mas pedi para a enfermeira Dane, minha amiga, escrever esta
carta que será endereçada aos jovens de todo o Brasil, antes que seja tarde
demais:”
“Eu era uma jovem ‘sarada’, criada em uma excelente família de
classe média alta de Florianópolis. Meu pai é Engenheiro Eletrônico de
uma grande estatal e procurou sempre para mim e para meus dois irmãos dar tudo
de bom e o que tem de melhor, inclusive liberdade que eu nunca soube
aproveitar.
Aos 13 anos participei e ganhei um concurso para modelo e manequim
para a Agência Kasting e fui até o final do concurso que selecionou as novas
paquitas do programa da Xuxa. Fui também selecionada para fazer um Book
na Agência Elite em São Paulo.
Sempre me destaquei pela minha beleza física, chamava a atenção
por onde passava. Estudava no melhor colégio de ‘Floripa’, Coração de
Jesus. Tinha todos os garotos do colégio aos meus pés.
Nos finais de semana freqüentava shoppings, praias, cinema, curtia
com minhas amigas tudo o que a vida tinha de melhor a oferecer às pessoas
saradas, física e mentalmente.
Porém, como a vida nos prega algumas peças, o meu destino começou
a mudar em outubro de 2004. Fui com uma turma de amigos para a
OKTOBERFEST em Blumenau. Os meus pais confiavam em mim e me liberaram sem
mais apego. Em Blumenau, achei tudo legal, fizemos um esquenta no ‘Bude’,
famoso barzinho na Rua XV.
À noite fomos ao ‘PROEB’ e no ‘Pavilhão Galego’ tinha um show
maneiro da Banda Cavalinho Branco. Aquela movimentação de gente era
‘trimaneira’. Eu já tinha experimentado algumas bebidas, tomava escondido
da minha mãe o Licor Amarela, mas nunca tinha ficado bêbada. Na quinta
feira, primeiro dia de OKTOBER, tomei o meu primeiro porre de CHOPP.
Que sensação legal! Curti a noite inteira ‘doidona’, beijei
uns 10 carinhas, inclusive minhas amigas colocavam o CHOPP numa mamadeira
misturado com guaraná para enganar os ‘meganha’, porque menor não podia beber;
mas a gente bebeu a noite inteira e os ‘otários’ não percebiam.
Lá pelas 4 horas da
manhã, fui levada ao Posto Médico, quase em coma alcoólico, numa maca dos
Bombeiros… Deram-me umas injeções de glicose para melhorar. Quando
fui ao apartamento quase ‘vomitei as tripas’, mas o meu grito de liberdade
estava dado. No dia seguinte aquela dor de cabeça horrível, um mal estar
daqueles como tensão pré-menstrual. No sábado conhecemos uma galera de S.
Paulo, que alugaram um ‘ap’ no mesmo prédio. Nem imaginava que
naquele dia eu estava sendo apresentada ao meu futuro assassino. Bebi um
pouco no sábado, a festa não estava legal, mas lá pelas 5:30 hs. da manhã
fomos ao ‘ap’ dos garotos para curtir o restante da noite.
Rolou de tudo e fui apresentada ao famoso baseado ‘Cigarro de
Maconha’, que me ofereceram.
No começo resisti, mas chamaram a gente de ‘Catarina careta’,
mexeram com nossos brios e acabamos experimentando. Fiquei com uma
sensação esquisita, de baixo astral, mas no dia seguinte antes de ir embora
experimentei novamente. O garoto mais velho da turma o ‘Marcos’, fazia
carreirinho e cheirava um pó branco que descobri ser cocaína.
Ofereceram-me, mas não tive coragem naquele dia. Retornamos a
‘Floripa’ mas percebi que alguma coisa tinha mudado, eu sentia a necessidade de
buscar novas experiências, e não demorou muito para eu novamente deparar-me com
meu assassino ‘DRUGS’.
Aos poucos, meus melhores amigos foram se afastando quando comecei
a me envolver com uma galera da pesada, e sem perceber, eu já era uma
dependente química, a partir do momento que a droga começou a fazer parte do
meu cotidiano.
Fiz viagens alucinantes, fumei maconha misturada com esterco de
cavalo, experimentei cocaína misturada com um monte de porcaria.
Eu e a galera descobrimos que misturando cocaína com sangue o
efeito dela ficava mais forte, e aos poucos não compartilhávamos a seringa e sim,
o sangue que cada um cedia para diluir o pó.
No início a minha mesada cobria os meus custos com as malditas,
porque a galera repartia e o preço era acessível. Comecei a comprar a
‘branca’ a R$ 10,00 o grama, mas não demorou muito para conseguir somente a R$ 20,00 a boa, e eu precisava
no mínimo de 5 doses diárias.
Saía na sexta-feira e retornava aos domingos com meus ‘novos
amigos’. Às vezes a gente conseguia o ‘êxtase’, dançávamos nos ‘Points’ a
noite inteira e depois… farra!
O meu comportamento tinha mudado em casa, meus pais perceberam,
mas no início eu disfarçava e dizia que eles não tinham nada a ver com a minha
vida…
Comecei a roubar em casa pequenas coisas para vender ou trocar por
drogas… Aos poucos o dinheiro foi faltando e para conseguir grana fazia
programas com uns velhos que pagavam bem. Sentia nojo de vender o meu
corpo, mas era necessário para conseguir dinheiro. Aos poucos toda a
minha família foi se desestruturando. Fui internada diversas vezes em
Clínicas de Recuperação. Meus pais, sempre com muito amor, gastavam
fortunas para tentar reverter o quadro. Quando eu saía da Clínica aguentava alguns dias, mas logo estava me picando novamente. Abandonei
tudo: escola, bons amigos e família. Em dezembro de 2007 a minha sentença de morte
foi decretada – descobri que havia contraído o vírus da AIDS, não sei se me
picando, ou através de relações sexuais muitas vezes sem proteção.
Devo ter passado o vírus a um montão de gente, porque os homens
pagavam mais para transar sem camisinha.
Aos poucos os meus valores, que só agora reconheço, foram acabando
– família, amigos, pais, religião, Deus, até Deus, tudo me parecia ridículo.
Meu pai e minha mãe fizeram de tudo, por isso nunca vou deixar de
amá-los.
Eles me deram o bem mais precioso que é a vida e eu a joguei pelo
ralo. Estou internada, com 24
kg , horrível, não quero receber visitas porque não podem
me ver assim, não sei até quando sobrevivo, mas do fundo do coração peço aos
jovens que não entrem nessa viagem maluca… Você com certeza vai se
arrepender assim como eu, mas percebo que é tarde demais pra mim.”
Obs.: Patrícia encontrava-se internada no Hospital Universitário
de Florianópolis e a enfermeira Danelise, que cuidava dela, comunicou que
Patrícia veio a falecer 14 horas mais tarde depois que escreveram essa carta,
de parada cardíaca e respiratória em consequência do vírus da AIDS.
REFLEXÃO: “Não seguirás a
multidão para fazeres o mal; nem numa demanda darás testemunho, acompanhando a
maioria, para perverteres a justiça… ” (Êxodo 23:2-3)
“Não entres na vereda dos ímpios,
nem andes pelo caminho dos maus. Evita-o, não passes por ele; desvia-te
dele e passa de largo. Pois não dormem, se não fizerem o mal, e foge
deles o sono se não fizerem tropeçar alguém” (Provérbios 4:14-16)
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